A Sala de Cultura é um ambiente pensado e preparado para o cultivo de células, com a finalidade de atender a demanda das crescentes temáticas de pesquisas do PPGCS - UNESC. A infraestrutura laboratorial da sala de cultura compreende espaços adequados ao preparo de meios de cultura, para incubação e observação das culturas e para manipulação das mesmas. Os equipamentos disponíveis na sala de cultura compreendem uma estufa incubadora com atmosfera de CO2, uma estufa para secagem de material, uma cabine de segurança biológica (câmara de fluxo de ar laminar estéril), uma geladeira, um microscópio invertido, uma centrífuga e uma bomba de aspiração de líquidos.
Para utilização da sala de cultura é necessário agendamento prévio. O pesquisador deve preencher completamente o formulário para a primeira reserva da sala, disponível abaixo para download, e encaminhar para o e-mail multilab@unesc.net.
A confirmação da reserva ocorrerá em um prazo de até 48h após o envio do e-mail pelo pesquisador. Caso o pesquisador não receba uma resposta dentro deste prazo, o mesmo deverá entrar em contato por e-mail ou através do telefone (48) 3431-4518, de segunda a sexta-feira das 9h às 13h e das 14h às 18h.
O formulário deverá ser preenchido para a primeira solicitação de reserva referente a um determinado projeto e a obedecerá a ordem cronológica de recebimento dos formulários.
Atenção: Não são disponibilizados materiais consumíveis, como meios de culturas, placas, ponteiras, micropipetas, pipetadores automáticos, etc. ficando a critério de o usuário providenciar estes materiais.
Anteriormente a utilização, o pesquisador deve obrigatoriamente, ler as Normas Gerais de uso do MULTILAB (ML-NG01) e Normas Gerais de uso da Sala de Cultura disponibilizadas aqui.
A cultura de células é o processo no qual as células são removidas do tecido animal, ou do organismo destes, e continuam a manter os parâmetros de crescimento e nutrientes necessários, em condições ambientais controladas, isto é, in vitro. Este processo possibilita que as células, se tornem independentes assim como microrganismos, capazes de realizar divisão celular e aumentar sua população, e este processo ocorre até a limitação dos nutrientes, ou de outras condições de crescimento (BUTLER, 2005).
O cultivo de células, de acordo com Alves e Guimarães (2010) é uma técnica cujo desenvolvimento constata-se no início do século XX pelo pesquisador Harrison, em 1907, e Carrel, em 1912. O intuito da técnica era o desenvolvimento de um método para estudar o comportamento de células animais fora do organismo.
O cultivo de células desenvolvido por Harrison levou em consideração as necessidades básicas de uma célula adaptando estas necessidades para viabilizá-las fora do organismo, para tal, Harrison dissecou o tubo medular de um embrião de sapo, fixando-o em uma lâmina de microscopia, e o imergiu em fluidos linfáticos, que neste caso era o provedor dos nutrientes básicos da célula, um meio de cultura, ele conseguiu observar o alongamento das fibras nervosas durante períodos de algumas semanas (BUTLER, 2005; ALVES; GUIMARÃES, 2010).
Alexis Carrel, em 1912, continuando estes experimentos iniciais desenvolveu um modelo utilizando células cardíacas de embrião de galinha, no qual a partir da renovação da fonte de nutrientes, contidos em frascos por ele desenvolvidos, em condições assépticas, conseguiu viabilizar as células por períodos maiores. Este frasco foi o precursor do moderno frasco de cultura celular, pois a manipulação estéril é favorecida pelo gargalo de ângulo estreito do frasco de Carrel (BUTLER, 2005; ALVES; GUIMARÃES, 2010).
A partir da década de 1950 a cultura de células teve ênfase na caracterização e isolamento de vários tipos de células (BUTLER, 2005). De acordo com Alves e Guimarães (2010), George Gey, em 1951, conseguiu cultivar células de tecido tumoral humano, desenvolvendo a linhagem HeLa, muito utilizada atualmente em todo mundo. Também na década de 1950, Earle e Eagle concentraram seus esforços para o desenvolvimento de formulações de nutrientes quimicamente definidos para o estas células, a fim de substituir os extratos biológicos indefinidos anteriormente utilizados. O meio quimicamente definido, o Meio Mínimo Essencial de Eagle (EMEM) foi o primeiro meio de cultura amplamente utilizado (BUTLER, 2005).
E em 1962, Nakamura e colaboradores, no Japão, estabeleceram a linhagem, VERO, célula originária de rim de uma espécie africana, macaco-verde, Cercopithecus aethiops. Esta foi a primeira linha celular contínua a ser utilizada como substrato para a produção de vacinas humanas, a exemplo, a vacina contra a poliomielite que é produzida na França desde 1983 utilizando-se estas células. Estas são uma das poucas células aprovadas para uso em produção de vacinas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sendo um ótimo modelo de pesquisas para o desenvolvimento de vacinas (BUTLER, 2005; ALVES; GUIMARÃES, 2010).
A cultura de células envolve várias técnicas com a finalidade de viabilidade celular in vitro, com diversas aplicações, como o estudo fisiológico, e bioquímico das células, aplicando-se substratos marcados radioativamente, utilizando-se da cintilografia para subsí
dio destes estudos. Ainda é possível avaliar efeitos de determinadas substâncias como metabólitos, hormônios, produtos químicos, remédios e drogas em geral, em relação ao potencial citotóxico e mutagênico, em tipos celulares específicos, eliminando muitas vezes a necessidade de utilização de modelos animais. É viável também, a partir da biotecnologia de cultura de células animais, a produção de tecido artificial, ao combinar determinados tipos de células específicas, com potencial considerável no reparo e tratamento de queimaduras, dada a produção artificial de pele (BUTLER, 2005).
O controle do ambiente, a homogeneidade da amostra, a viabilidade econômica, e as questões que envolvem a bioética quando comparada ao uso de animais em experimentos, são as principais vantagens o uso de cultura de células como modelo experimental (ALVES; GUIMARÃES, 2010).
Fonte:
ALVES, E.A.; GUIMARÃES, A.C.R. Cultivo celular. In: MOLINARO, E. M.; CAPUTO, L.F.G.; AMENDOEIRA, M.R.R. (Orgs). Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios de saúde. Vol. 2 Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2010. p. 215-253.
BUTLER, M.; Animal Cell Culture and Technology. 2. ed. New York: Garland Science/BIOS Scientific, 2005. 288p.