A exclusão educacional e escolar tem sido recorrente nas pesquisas em psicologia e educação nas últimas décadas, tendo como contraponto mais recente as pesquisas em educação inclusiva, que têm sido frequentes no debate educacional, sobretudo nas áreas de educação e psicologia como problema central para a prática educativa e a elaboração e implantação de políticas públicas. Entretanto, grande parte das pesquisas tem tomado o processo de exclusão-inclusão com foco exclusivo nas deficiências motoras, sensoriais e intelectuais e no desenvolvimento atípico. Reafirma-se a importância desse foco, mas impõe-se a necessidade de se considerar outras situações que caracterizam processos de exclusão educacional e escolar. Em outras palavras, toda e qualquer situação de exclusão implica a necessidade de estudos e de práticas interventivas, na direção da construção de uma educação para todos, isto é, efetivamente inclusiva, que crie e aprimore as condições para a efetivação da aprendizagem e do desenvolvimento para todos, reconhecendo as diferenças, atuando especificamente sobre elas, tendo como horizonte uma educação igualitária. Entende-se igualitário como o que é partidário do igualitarismo: “doutrina, atitude daqueles que visam estabelecer a igualdade absoluta em matéria política, social, cívica; teoria que sustenta a igualdade absoluta dos homens” (Houaiss). O primeiro passo para o desenvolvimento dessa perspectiva são os estudos históricos, pois o tema tem sido abordado, em geral, de maneira mais imediatista, pragmática e a-histórica, justificando a necessidade de estudos que mostrem que essa preocupação não é recente, pois muitas elaborações teóricas e propostas práticas foram elaboradas com o intuito de responder às necessidades daqueles considerados diferentes e muitas vezes desiguais. Entre outros, Jacob Rodrigues Pereira (Peréire), Séguin, Itard, Montessori e a defectologia de Vigotski merecem ser conhecidos, assim como não podem ser desprezadas as contribuições de Ulysses Pernambucano e Helena Antipoff, entre muitos outros. Outra abordagem necessária diz respeito aos muitos processos de exclusão que envolvem situações particularmente degradantes e indignas, demandando olhar específico e aprofundamento de seu conhecimento, para dar visibilidade e contribuir com a superação dessas condições. Propõe-se abordar situações que têm sido tratadas marginalmente ou que não são consideradas relevantes para pesquisa. Questões de natureza étnico-raciais, incluindo barreiras de língua e cultura; de gênero e de orientação sexual; de acometimento de doenças crônicas e suas sequelas; de características psicológicas, como a timidez ou a superdotação/altas habilidades, assim como de condições psicológicas específicas, como o medo, o enfrentamento do luto e de tragédias coletivas, o assédio, a invisibilidade ou o suicídio; condições específicas relacionadas às deficiências, como a perda de visão, são alguns exemplos que fazem parte das questões que se considera de relevância acadêmica e de necessário impacto sobre a vida da escola. A isso deve-se acrescentar o estudo e a difusão de experiências exitosas no combate à exclusão educacional e escolar, como atividades de promoção de Direitos Humanos, plantões psicoeducativos, formação de educadores, entre outros, que fazem parte das pesquisas realizadas no grupo de trabalho em Educação e Diversidade: Contribuições da Psicologia.