Dia Mundial sem Tabaco: a contribuição do exercício na prevenção, controle e tratamento das doenças relacionadas ao Cigarro
Prof. Dr. Ricardo Pinho -
Coordenador do Laboratório de Fisiologia e Bioquímica do Exercício -
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde/UNASAU/UNESC -
Dia 31 de maio é o Dia Mundial sem Tabaco. Criado em 1987 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e propagada pelas comunidades científicas internacionais, centros de controle, de prevenção e de tratamento alertam para as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. De acordo com a OMS, fumar é considerado o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de aproximadamente 50 doenças, incluindo o câncer, doenças cardiovasculares e enfisema pulmonar e as mortes atribuídas ao consumo de tabaco são estimadas em 6 milhões/ano em todo o mundo, mas podem chegar a 8 milhões/ano até 2030. Entre as diferentes formas de tabaco os cigarros industrializados são considerados a forma mais prevalente usada socialmente em áreas urbanas e o cigarro de palha é a segunda forma mais preferida por fumantes brasileiros, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer.
Dado a essa preocupação, o Lafibe (Laboratório de Fisiologia e Bioquímica do Exercício da Unesc) vem ao longo dos últimos anos estudando formas que contribuem para amenizar os efeitos nocivos do fumo sobre a saúde. Um dos estudos publicado na Pulmonary Pharmacology and Therapheutics (2009) mostrou que a prática regular de exercícios melhora as mudanças histopatológicas e reduz a produção de radicais livres nos pulmões de animais cronicamente expostos à fumaça do cigarro. Neste mesmo sentido, nosso grupo também demostrou que o exercício físico praticado regularmente após a lesão induzida pelo cigarro ter se manisfestado (Neurochemical Research, 2011) ou antes da manisfestação (The International Journal of Chronic Obstructive Pulmonary Disease, 2015) inibe o surgimento de alterações mitocondriais no cérebro e histopatológicas no pulmão, respectivamente. Além dos efeitos nocivos provocados pelo cigarro industrializado, o cigarro de palha, embora seja uma forma popular de consumo, os seus efeitos nocivos na saúde humana permanecem desconhecidos. Em recente trabalho (em fase de publicação na Toxicology and Applied Pharmacology) nossos resultados sugerem que os cigarros de palha são tão prejudiciais quanto os cigarros industrializados, uma vez que os metais tóxicos e compostos orgânicos libertados no fumo durante a combustão são amplamente absorvidos no sistema respiratório, causando danos histopatológicos a vários tecidos. Nós também observamos que os diferentes tipos de cigarro promovem danos estruturais e elevados níveis de estresse oxidativo no músculo esquelético e no cardíaco, mas que estes danos são modulados pelo exercício físico. Além disso, temos demostrado que o consumo de antioxidantes, como os compostos fenólicos encontrados na erva-mate promovem proteção contra os efeitos nocivos do cigarro em diversos tecidos.
Por fim, acredita-se que além de adotar medidas comportamentais que evitem a exposição ou o consumo de cigarro, independente do tipo do cigarro, adotar práticas alimentares e comportamentais saudáveis podem ajudar a prevenir e/ou amenizar os efeitos deletérios que a fumaça de cigarro provoca no organismo. Frente a esse trabalho de investigação que o Lafibe vem desenvolvendo ao longo desses anos, algumas parcerias internas e externas têm se constituído a fim de somar forças para que, além de entender os mecanismos envolvidos na fisiopatologia das doenças relacionados ao cigarro, possamos propor programas de prevenção e formas terapêuticas que amenizem os agravos à saúde gerados pelo tabagismo. Neste sentido, cabe ressaltar a inclusão de pesquisadores do Lafibe junto ao INCA no projeto recém-aprovado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia intitulado Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para o controle do Câncer.