A idade de dona Luiza e outros causos da quarta-feira
Na tarde desta quarta-feira, um grupo foi à comunidade de Cocal Grande, interior de Itaguatins – estrada em péssimas condições. Como havia chovido, o lodo a tornava ainda mais intransitável, a ponto de o motorista recomendar o retorno com medo de na volta a passagem estar proibida. Mas o grupo optou por prosseguir. O argumento que prevaleceu é que a distância era de 14 km e, na pior das hipóteses, voltaríamos a pé.
Quando o grupo chegou na escola municipal da comunidade, percebeu o grau de vulnerabilidade em todos os aspectos a que tal população está submetida. A grande maioria das casas é de pau a pique. Mobiliário em péssimas condições. Os dois meios de transporte que se manifestaram enquanto o grupo esteve lá foram um cavalo e uma bicicleta. Muitas crianças – meninos e meninas – só de shortinho. Um deles se chama Lucas, 3 anos. Estava sentado na área e a sua mãe cortava-lhe as unhas dos pés. O marido está em Palmas e o sonho da família é sair dali.
Três casas adiante de onde reside Lucas, mora Dona Luiza. Quando perguntada sobre sua idade, a resposta causou surpresa. Ela respondeu mais de oitenta e, na insistência para especificar a idade, respondeu de novo: “mais de oitenta”. Perguntamos a data de nascimento, ela respondeu “dezembro”. Insistindo para que ela fosse mais específica, continuou dizendo dezembro. A volta até Itaguatins foi tranquila.
Ainda no restante da tarde, visitamos a Dona Roseli, esposa do Antonio do Zezinho. Tem 60 anos, é casada pela segunda vez e apaixonada pelo primeiro marido. Teve 15 filhos. Hoje tem 6. É benzedeira, não sabe ler nem escrever, só sabe “dizer o pai nosso”. Sua especialidade é a cura de “arca caída”. Da sua residência, se tem uma visão fantástica de uma das partes mais belas do rio Tocantins. É onde tem a maior concentração de corredeiras. Um pouco mais ao horizonte passa a ferrovia norte-sul.
O dia em Itaguatins foi chuvoso, com chuva leve, o que facilitou, pois o clima fica mais agradável. A professora Rose está sofrendo pela picada do potó em dois locais da sua face. O professor Murialdo, querendo saber um pouco mais do comércio de imóveis da cidade, visitou o cartório de registro de imóveis e tabelionato. O loteamento com maior movimento no cartório tem cada fração de terra no valor de dois mil reais. O lote mais caro da cidade está estimado em trinta mil reais. São realizados de dois a seis registros por mês e estes são principalmente de fazendas e chácaras. O cartório é também um dos cinco pontos de fax da cidade. Para cada transmissão de fax, o cartório cobra três reais, que inclui a ligação para confirmar o recebimento.
27 de janeiro de 2011 às 18:13