Subproduto do carvão vira material para fabricação de cimento em planta piloto da Unesc
Utilizar um dos subprodutos do carvão na indústria cimenteira, garantindo o uso de menos energia na fabricação de cimento e conferindo mais durabilidade às construções. Esta é a proposta do Projeto Pozolana, desenvolvido pelo LabValora (Laboratório de Valoração de Resíduos) do IDT (Instituto de Engenharia e Tecnologia), localizado no Iparque (Parque Científico e Tecnológico da Unesc). O projeto é inédito no Brasil e nesta quinta-feira (30/7), às 19h30, uma planta piloto será inaugurada na Universidade.
A pesquisa é coordenada pelos professores doutores Agenor De Noni Junior, Michael Peterson e Adilson Oliveira e tem a participação de alunos e egressos do curso de Engenharia Química e do Mestrado em Engenharia e Ciência de Materiais, ambos da Unesc, e de engenheiros e técnicos de mineradoras.
Pozolana é o nome dado a todo tipo de material que desenvolve características de cimento na presença de cal. A pozolana estudada no laboratório do Iparque é derivada de um subproduto do carvão, os argilominerais, que são separados do carvão, no processo de “lavagem” após a retirada da mina. “Hoje no Brasil as pozolanas usadas na fabricação de cimento vêm principalmente das cinzas de termelétricas”, comenta Oliveira.
O nome das pozolanas é originário de rochas vulcânicas encontradas na região de Pozzuoli, perto do Monte Vesúvio, no Sul da Itália. Misturadas e moídas com cal, elas se transformam em um material cimentício e foram utilizadas pelos romanos em grandes obras como o Coliseu, a partir de 65 depois de Cristo. O material foi muito usado na Europa, até que no século 19, a fabricação do cimento foi iniciada na Inglaterra e o processo incorporou outras substâncias à mistura, levando ao material utilizado até hoje em construções, o chamado cimento Portland.
Oliveira explica que a incorporação de pozolana na mistura do cimento Portland, o chamado cimento pozolânico, colabora com o barateamento do processo produtivo do cimento e o aumento da resistência das obras, já que a pozolana confere uma maior resistência e melhores propriedades ao material. “A pozolana é produzida a 900ºC, enquanto cimento comum é produzido a 1.400ºC, o que significa, no segundo caso, um maior custo e consumo energético, além de uma maior emissão de gás carbônico. Além disso, a produção de pozolana derivada do carvão ajuda a diminuir o volume de resíduos decorrentes da extração do mineral e oportuniza uma nova atividade econômica na região sul”, comenta o pesquisador.
Montagem de usina para produção em grande escala
O Projeto Pozalana tem duração de dois anos – um deles para a pesquisa, já concluído, e outro para o estudo de viabilidade econômica, que será encerrado em julho de 2016 – e um investimento de R$ 4,6 milhões, com aporte de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e de uma empresa do setor carbonífero da região. Ao término das atividades do Projeto Pozolana, a planta piloto permanecerá no Iparque e servirá para o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de resíduos do setor mineral e industrial.
No projeto, a Unesc é a responsável pela parte de pesquisa, desenvolvimento do produto, da tecnologia de processamento e pelo estudo de viabilidade econômica para a montagem da usina. O projeto de pesquisa começou a ser desenvolvido em 2012 e ficou em análise no BNDES durante três anos antes de começar a ser desenvolvido.
A intenção da empresa mineradora é construir uma usina com capacidade para a transformação de 600 toneladas/dia de minerais – que seriam descartados como resíduos do processo de extração do carvão – em pozolanas para a indústria cimenteira. “O projeto procurou a melhor tecnologia dentro de uma filosofia de inovação. A planta piloto possui equipamentos com tecnologias nacionais, acompanhada de instrumentos analíticos de ponta, alguns deles inclusive, existem apenas nos Estados Unidos”, afirma o pesquisador Agenor De Noni.
Fonte: Setor de Comunicação Integrada
28 de julho de 2015 às 15:22