Prefeito recebe rondonistas e abre operação em Francisco Santos
O prefeito Luiz José de Barros revelou alegria ao abrir a Operação Zabelê em Francisco Santos. Na presença de vereadores, secretários, professores ele saudou os rondonistas, falou de seu entusiasmo e o da população com a nossa chegada. Ele desejou “que isto seja uma semente que frutifique e que principalmente o pessoal da gestão pública, que todos nós possamos correr atrás e aproveitar e melhorar a qualidade de vida da população”.
Luis José de Barros é médico com especialização em Otorrinolaringologia. É vice-prefeito eleito em 2008 e fica à frente da gestão municipal por um ano, substitndo o prefeito eleito Edson Carvalho que volta no último ano do mandato. Barros conta que estava de malas prontas junto com colegas médicos rumo a Toulouse (França) para continuar os estudos e “foi tocado” por um sentimento de amor por sua terra. Pensou nos amigos, na infância, em seus pais, e resolveu ficar. Nunca teve vocação para política, mas sua decisão está dentro de um movimento que quebrou quatro décadas de hegemonia política nesta pequena cidade. Há que ter paciência histórica para mudar uma realidade secular, mas já se podem notar alguns sinais.
25 de janeiro de 2011 às 17:38Contrastes: toyotas, jegues e urubus
Primeiros olhares mais atentos já nos apontam algumas marcas fortes da região. Se os constrastes sociais no Brasil são visíveis em todos os quadrantes, aqui, pelos níveis de carência eles são mais gritantes. A visão folclórica do meio de transporte mais antigo da nossa história e o utilitário de última geração revelam não apenas a distância no tempo, mas o abismo social que separa nossa gente. Os urubus fazem o banquete...
25 de janeiro de 2011 às 15:07Dona Rosa: mãos de trabalho, olhos de amor
É impossível não registrar pequenos momentos e conversas que se dão em qualquer das pequenas esquinas de Francisco Santos. Em qualquer lugar cada pessoa carrega uma história. Rende um livro. Enquanto rondonistas ensinam o que aprendem nos bancos acadêmicos, plantam sementes de transformação social, algumas pessoas nos dão vivas lições de vida, plantam sementes em nossos corações. Assim foi com Dona Rosa.
Rosa Maria Nunes, 39 anos. Zeladora de ruas, vendedora de pamonha, trabalha na roça: “Tem que plantar para comer”, diz ela. Mas o que faz seu coração bater mesmo, e o nosso, é quando fala no que mais gosta de fazer: cuidar de idosos. Já cuidou de nove. “É assim desde os doze anos. Só separo quando morre..”, enfatiza. Revela nas palavras e nos olhos o zelo e o cuidado que dispensa aos idosos que cuida ao ponto deles a quererem perto todos os dias até os “últimos momentos”. Fala de uma velhinha que não tomava água se não fosse com ela. “A vida da gente é uma luta, o que alivia é o amor que a gente sente...” Essa é de nos fazer corar, não é mesmo?
25 de janeiro de 2011 às 15:04Raimundo Nonato: cultura popular de raiz
Em frente à prefeitura, notei logo aquele cabra de camisa laranja, semblante meio indiano, assim como o baião às vezes lembra a música indiana: viola = cítara. Vi que me olhava de soslaio. Me aproximei e chamei conversa. Pessoa de fala calma e firme. Pele endurecida e queimada pelo rigor do tempo há muito tempo, mas sorriso manso e sincero. Raimundo Nonato da Silva, 48 anos. Profissional da roça “desde criança”. Hoje vigilante municipal. Aos 15 anos foi picado por uma Jararacuçu (a nossa jararaca), cobra de peçonha letal se não houver socorro médico rápido. Conta ele que no momento da picada, ainda com a cobra presa pelos dentes em sua pela, sentiu que nada aconteceria. E para o pânico de todos, aquele pirralho se negou a receber qualquer socorro. Ainda segundo Nonato, quando em São Paulo, já bem mais tarde, em consulta médica, o profissional teria dito a ele que possui uma imunidade natural no sangue. “Dá até para fazer soro”, se orgulha e brinca: “as cobras fogem de mim”.
Questionado sobre o penduricalho que traz ao pescoço, ele explica: “quando se acha um chifre de boi, com a ponta bem aguda, pode pegar e serrar a ponta, lixar e trazer junto para afastar as energias negativas, o mau olhado e a inveja”, sentencia. Eu, hein? Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay...
25 de janeiro de 2011 às 15:01Primeira Imagem
Era noite, o cansaço, o sono, o calor e a penumbra da cidade, aumentada pela película automotiva (insulfilm) escura do ônibus não nos causou nenhuma impressão. A expectativa, agora esmaecida pelo cansaço e pela chegada, seria dissolvida somente pela manhã. No interior da casa do prefeito licenciado, cedida aos rondonistas, somente houve tempo para as organizações básicas e uma primeira vivência de integração entre as equipes. Depois... Boa noite...
Alvordada
06horas. Pessoal já de pé para o dia de reconhecimento, primeiros contatos com a administração municipal e, principalmente com a população; e que população! Primeiro gesto de um rondonista impaciente: antes do café uma caminhada até a esquina para vislumbrar a primeira imagem, a primeira impressão. No decorrer do dia vieram muitas outras.
25 de janeiro de 2011 às 14:55