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Lingüista diz que falar, ler e escrever bem independe do conhecimento das regras gramaticais

Lingüista diz que falar, ler e escrever bem independe do conhecimento das regras gramaticais
Janete Triches Mais imagens
Falar, ler e escrever corretamente não depende do conhecimento prévio das regras gramaticais. Se aprende uma língua e se tem domínio do idioma falando, lendo textos, contando ou ouvindo histórias, debatendo, discutindo, ou seja, em todas as situações da vida do ser humano. A reflexão é do mestre e doutor em Lingüística pela Unicamp, Sírio Possenti, palestrante da aula magna agora à noite (28) no campus da Unesc. Ele está na universidade a convite do curso de Letras e de duas turmas de pós-graduação do curso de Especialização em Língua e Literatura com Ênfase nos Gêneros do Discurso. Os coordenadores Carlos Schilikman e Maria Aparecida Mello recepcionaram o visitante.

A programação da noite contou ainda com apresentação da peça de teatro "Aquela tal de gramática", encenada por alunos da 7ª. fase do curso e por membros do grupo teatral Monticoisa. No final da apresentação, as professoras Mara e Marisa entregaram presentes aos "artistas". Na quinta-feira (29), o autor de vários livros participará do 1º Seminário de Leitura e Produção Textual do curso de Letras (Selep), das 08 às 17 horas.

Construções intelectuais

Possenti sustenta sua convicção em dois princípios, ou critérios. O primeiro, é que as gramáticas são construções intelectuais muito recentes na história humana. Se ela fosse crucial, diz ele, não teríamos escritores antes do seu surgimento. "Platão e outros filósofos, antes de Cristo, não sabiam gramática e escreverem suas obras", diz. O professor lembra que os sinais de pontuação (como ponto, vírgula, dois pontos, ponto e vírgula), a separação das palavras e sua organização em parágrafos foram criados pela indústria dos livros, para vendê-los.

Instinto

O segundo aspecto que sustenta sua tese é que aprendemos a falar sem saber gramática e ninguém, nem nossas mães, nos avisaram que para falar certo tinha que ser assim ou assado, e falamos. Se alguém duvida que a língua é inata ao ser humano ou que seu aprendizado é instintivo, como diz Possenti, basta pensar no aprendizado de uma língua numa tribo indígena. Assim, diz o lingüista, aquilo que numa língua é percebido como absurdo ou condenável, noutra é chique, porque o fenômeno mental é sempre o mesmo. 28 de maio de 2008 às 21:43
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