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Sílvio Bock rechaça vocação e destrói mitos na orientação profissional

Sílvio Bock rechaça vocação e destrói mitos na orientação profissional
Janete Triches Mais imagens
Uma boa escolha é aquela que resolve conflito, é baseada em informações, encarada como ponto de partida, que leva em conta o passado pessoal, mas projeta o futuro, e que considera o maior número possível de determinações, como autoconhecimento, expectativas e aspirações pessoais, mercado de trabalho, valores, família, experiência escolar, gênero e situação social, econômica e política da pessoa".  A síntese é do pedagogo Sílvio Duarte Bock, durante palestra para pais ministrada ontem (17/10) à noite no auditório Ruy Hülse, dentro da programação da Feira das Profissões, que a Unesc está promovendo até hoje à noite.

Escolher uma profissão, para ele, é encarar e resolver conflito, que é inerente a qualquer processo decisório. "Escolha implica risco. Não existe escolha sem risco. E risco implica perda", ensina. "Escolher significa esboçar um projeto de vida, escolher o próximo passo, e não o resto da vida". O professor não acredita em encaixe perfeito entre perfis ocupacional e pessoal. "Isso está ultrapassado, porque pressupõe que aos 16 ou 17 anos uma pessoa esteja pronta, com personalidade formada, e que as profissões são estáticas no tempo. Duas mentiras!"

Vocação não existe

Considerado uma das maiores autoridades brasileiras na área de orientação profissional, Bock rechaçou a tese do ser humano vocacionado exclusivamente para uma área. Lembrou que não somos uma aranha e que não temos nada no nosso corpo biológico que diga que um nasceu para isso e o outro para aquilo. "Ao contrário dos animais, é o ser humano que constrói suas habilidades. A vocação do ser humano é exatamente não ter outras vocações", arrematou. "Não existe escolha certa. Existem opções". Para ele, na sua história, a pessoa desenvolve interesses, aptidões e características de personalidade. Assim, o máximo que os pais podem fazer para ajudar é conversar com os jovens e socializar com eles sua experiência pessoal e profissional, trazendo elementos que o ajudarão na sua reflexão para tomada de decisão. Nada mais que isso".

Os mitos do insite e da maturidade

O mestre em Educação e autor de vários livros e artigos publicados lembrou aos pais que dois mitos precisam ser destruídos: o do insite e o da maturidade. O mito do insite é aquele em que o jovem acredita que um dia acordará e, num estalo, estará decidido por uma profissão. "Se preparam para o vestibular e não têm o mesmo cuidado com a escolha profissional, achando que ela acontecerá naturalmente. O que se vê é o desespero antes do vestibular ou a evasão escolar depois da escolha".

O mito da maturidade é aquele que faz os jovens acreditarem que as pessoas são frutas, que naturalmente amadurecem e que quando estiverem prontas a escolha acontece, o que não é verdade. "Tomada de decisão é um profundo ato de coragem, de compromisso, que diz eu vou por aqui, assumo compromisso com a decisão tomada e vou fazer de tudo para que dê certo", afirma. Para aqueles que estão em dúvida, ele sugere serenar os corações. "Ter dúvida é normal, faz parte do processo, porque tenho muitas opções a seguir, e não apenas uma. Ela é importante porque traz reflexão e promove o andar". 18 de outubro de 2007 às 13:05
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