Rio Criciúma causa repulsa e medo na população, afirmam pesquisadoras
A população de Criciúma tem uma repulsa pelo seu rio, como se ele fosse um empecilho, como se o rio estivesse errado por estar ali. A reflexão é da professora doutora Rose Maria Adami, coordenadora do curso de Geografia da Unesc, durante painel da Semana do Meio Ambiente da Universidade, realizado hoje (28/5) pela manhã. Rose e a psicóloga Marilda Ghellere abordaram o tema “Rio Criciúma – Significados e representações”, trazendo perspectivas de estudos que cada uma desenvolveu, no doutorado e mestrado, respectivamente.
O Rio Criciúma
“Muitos não sabem nem onde passa o rio. Só que ele não deixa de fazer parte da paisagem e quando chove ele volta a aparecer na forma de inundações, o que gera um significado ruim sobre ele” afirmou a professora. A coordenadora do curso da Unesc ressaltou que quando o rio desaparece ele perde seu significado, pois deixa de existir aos olhos de muitos moradores. “O rio está sendo ‘morto’ a cada ano”, destacou.
O significado
Rose lembrou que o rio, no período entre 1880 a 1930, tinha um significado importante para a população, sendo usado pelo agricultura e comércio. “As pessoas usavam o rio para tudo, seja para tomar banho, pescar ou lavar roupas e utensílios domésticos” relatou. Entretanto, tudo isso mudou com o início da exploração do carvão, em 1917. “A industrialização da cidade não poluiu o rio apenas com a mineração, mas também com o fator biológico, já que a cidade dobrou em números de habitantes de 1903 a 1940”, analisou a doutora.
A canalização
“Durante todo esse período o rio começou a ser visto como algo ruim, mal cheiroso, então as pessoas começaram a escondê-lo. Poder público e particular recobriram e canalizaram o rio, sendo que na década de 90 já não era mais possível vê-lo”, salientou Rose. A professora enfatizou a repulsa e medo das pessoas, que construíram muros para se afastar do rio.
O valor da água
A psicóloga Marilda Ghellere lembrou que a água traz um valor de pureza, algo limpo e a alegre. “Em Criciúma, durante o meu trabalho, as pessoas mostraram que valorizam a água, mas não a do Rio Criciúma, que é visto como algo sujo”, destacou Marilda. A palestrante relatou que por este motivo ele foi escondido. “A visão do rio não proporciona prazer para as pessoas, elas querem que ele desapareça”, comentou.
Semana do Meio Ambiente
O evento continua até quarta-feira (2/6), sendo que a próxima palestra é sobre “Poluição eletromagnética e saúde”, às 14 horas no Auditório Ruy Hülse. O tema será abordado pelo professor doutor Álvaro Salles, da UFRGS, juntamente com a egressa do PPGCA Maristela Giassi Zanette. A semana é organizada pela Comissão de Meio Ambiente e Valores Humanos da Unesc.
Confira a programação completa
Fonte: Comunicação Social:comunicacao@unesc.net
28 de maio de 2010 às 11:23
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