Quando fui convidado, por meio da professora Andreia, a criar uma ilustração que desse, de certa forma, um corpo ao novo tema do Congresso Ibero Americano: Vida em risco e crise climática. Imediatamente fui atingido pela ideia de consciência ambiental e também sobre a parcela de cuidado e culpa que nos cerca diariamente. Nesse processo me recordei de um trabalho da artista, ativista e professora Glicéria Tupinambá, intitulado Nós somos pássaros que andam, na instalação a artista narra a sua missão de recuperar material e culturalmente a tradição dos mantos que foram levados por diversos museus europeus.
Uma breve pesquisa me ajudou a resolver as referências visuais para a ilustração. O manto tupinambá, que até então estava em posse de um museu na Dinamarca e que é considerado um ancestral e não um mero objeto, retorna para o Brasil por meio do trabalho de Glicéria Tupinambá e outros. Utilizei o manto como personagem principal, e seu portador, como um pássaro, toca o chão árido, e segura uma planta que se força na terra. O manto e seu portador dão forças para a planta e ambos estão de costas para uma garrafa pet. Símbolo de tudo que nos trouxe ao momento de risco de vida e que culmina na crise climática que chega a nossa porta diariamente.
Alan Figueiredo Cichela
Criciúma, 21 de março de 2024
Artista Visual e Professor da Universidade do Extremo Sul Catarinense - Unesc, vinculado ao curso de Artes Visuais Bacharelado e Licenciatura. Mestre em História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-graduação em Artes Visuais - PPGAV da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2019). Especialista em Educação Estética: Arte e as Perspectivas Contemporâneas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC (2010). Graduado em Arte Visuais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC (2005). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: desenho, pintura, história da arte e arte sequencial.