Propriedade Intelectual, Desenvolvimento e Inovação

Economia compartilhada

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Junior Ruiz Garcia

O avanço das tecnologias de informação (TI) tem contribuído para a ruptura de modelos econômicos e sociais convencionais. A Economia Compartilhada (Sharing Economy) é um dos exemplos desse potencial de ruptura de padrões e modelos proporcionada pela TI. Em 2015, o termo Sharing Economy foi incluído no Oxford English Dictionary, revelando seu avanço e consolidação na sociedade. Afinal, o que é a Economia Compartilhada?

A Economia Compartilhada ou Sharing Economy representa um sistema econômico baseado no compartilhamento de bens subutilizados, de maneira gratuita ou sob a cobrança de uma taxa, diretamente com seus proprietários. Em outras palavras, a Economia Compartilhada é uma nova forma de mercado. Neste sentido, o interessante da Economia Compartilhada é que um indivíduo pode ter acesso à serviços, antes restritos à aquisição de um bem ou mediante a contratação de serviços oferecidos exclusivamente por empresas, diretamente de outro indivíduo, com ou sem intermediação de terceiros. A criação de aplicativos (app’s) gratuitos baseados na TI tem permitido, a custo zero ou quase zero, o encontro de indivíduos que estão à procura de serviços e os proprietários de bens – meios de provisão de serviços – subutilizados, por exemplo, carros, lugares vagos em carros, acomodações, roupas, entre outros (Figura 1).

Figura 1 – Modelos de Economia Compartilhada

Fonte: Juliana Carpanez e Lilian Ferreira, disponível em: https://goo.gl/wRGbD8.

Cabe destacar que os bens representam o meio pelo qual os indivíduos têm acesso aos serviços que contribuem para o bem-estar ou prazer. O carro, por exemplo, é portador do serviço de deslocamento ou transporte; a casa é portadora do serviço de moradia ou de proteção (abrigo); as roupas são portadoras do serviço de proteção ao frio ou de nosso corpo; o livro é portador do serviço de informação. Em resumo, não compramos esses bens para ter sua propriedade ou exclusividade, mas para usufruir de seus serviços. Diante dessa nova oportunidade a sociedade está presenciando o surgimento de novos mercados, tais como carros, imóveis e roupas compartilhadas.

A BlaBlaCar (https://www.blablacar.com.br) é uma comunidade de indivíduos que estão dispostos a compartilhar suas viagens de carro com outros indivíduos. O objetivo é reduzir os custos das viagens a partir da ocupação de vagas ociosas no carro. Estima-se que em média mais de 12 milhões de pessoas compartilham suas viagens de carro todos os trimestres. Segundo dados da página web da BlaBlarCar, a comunidade tem mais de 45 milhões de membros em 22 países; 12 escritórios internacionais; mais de 21 milhões de downloads de seus aplicativos foram realizados.

A Airbnb (https://www.airbnb.com.br) é uma comunidade de indivíduos que estão dispostos a compartilhar seus imóveis com outros indivíduos. O objetivo é oferecer alternativas de hospedagens a preços acessíveis, transformar o espaço ocioso dos imóveis em renda extra e divulga-los para viajantes interessados nesta modalidade de hospedagem. Segundo dados da página web da Airbnb, a comunidade está presente em mais de 65 mil cidades em mais de 191 países; oferece mais de 3 milhões de acomodações; atendendo mais de 200 milhões de hospedes.

A ROUPATECA (http://aroupateca.com/) é um “guarda-roupa” compartilhado. O acesso ao “guarda-roupa” é baseado em sistemas de assinaturas mensais. A comunidade somente está presente no Brasil, na cidade de São Paulo. Essa é uma iniciativa recente, portanto, ainda não existem informações mais qualificadas. Existem outras iniciativas, tais como a sharewear na Suécia (http://sharewear.se/) e a Poshmark nos Estados Unidos (https://poshmark.com/). Contudo, o “guarda-roupa ou closet” compartilhado representa uma importante mudança no comportamento dos indivíduos, que estariam dispostos a compartilhar um bem tão íntimo, a sua “roupa”.

O avanço da Economia Compartilhada está baseado nas recentes mudanças no comportamento da sociedade a respeito da propriedade de bens ou da acumulação de riqueza ou bens – base do capitalismo –, maior disposição à novidade ou à inovação, maior propensão ao uso das TI’s, entre outras. As novas gerações não têm compartilhado dos mesmos objetivos das gerações anteriores, tais como uma maior propensão à acumulação de riqueza ou de propriedade material. Essa mudança tem dado origem aos movimentos de consumo consciente, minimalismo, menos é mais, entre outros. Neste sentido, a Economia Compartilhada pode suportar essa mudança sem uma perda significativa de bem-estar econômico.

No entanto, quais os impactos sociais e econômicos em sistema baseado no consumo e na acumulação acrescente de bens? Como o avanço da Economia Compartilhada pode afetar negativamente a produção de bens? A Economia Compartilhada pode ser a alternativa para reduzir a degradação ambiental proporcionada pelo consumo desenfreado de bens? A sociedade está preparada para abrir mão da propriedade privada dos bens? Como superar a falta confiança entre as pessoas?

Junior Ruiz Garcia - 

17 de novembro de 2017 às 08:34
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